Thursday, February 15, 2007

BANDIDOS X BANDIDOS:PROMESSA DE MAIS GUERRA

Milícia: nova guerra à vista

Objetivo do grupo liderado por policial civil e bombeiro é tomar Cidade de Deus de traficantes, reunindo ‘exército’ de 1.200 homens. A comunidade de Jacarepaguá seria ‘base de operações’

Aluizio Freire


Rio - Relatório elaborado pela Subsecretaria de Inteligência (SSI) revela que está sendo articulado um plano de milicianos para invadir a Cidade de Deus, em Jacarepaguá. Pelo menos 1.200 homens estariam recebendo instruções táticas para ocupar a comunidade, que tem aproximadamente 40 mil moradores e movimentado comércio. Cada recruta estaria recebendo como pagamento R$ 200 por dia para encarar a empreitada e expulsar traficantes que hoje dominam a favela.

De acordo com o documento, cujos detalhes foram repassados por uma alta fonte que participa da investigação, a ação está sendo arquitetada há quatro meses em cinco pontos de Jacarepaguá. O interesse em tomar a área seria também para transformar o território estratégico em uma espécie de ‘base de operações’ das milícias que atuam naquela região. Dois homens são apontados como os mentores do plano: um policial civil conhecido pelo apelido de Robocop e um bombeiro de nome Girão.

O cerco dos milicianos está sendo feito a partir das comunidades situadas nos arredores da Cidade de Deus e que já foram dominadas por eles, como São José Operário e Bateau Mouche, na Praça Seca; Morro do Fubá, em Campinho; Caixa D’Água, no Largo do Tanque; Favela da Covanca, no Pechincha; e outras localidades menores.

Os grupos são formados por policiais militares, policiais civis, bombeiros, informantes e pessoas indicadas por aliados mais próximos. Os homens recrutados recebem todas as instruções para o ataque e a garantia de que terão um poderoso arsenal à disposição.

MILITAR DO EXÉRCITO

Segundo informações que estão sendo apuradas a partir do relatório da SSI, a milícia da Gardênia Azul está sendo chefiada, a mando de Robocop e Girão, por um sargento do Exército — que está na ativa e é lotado no Hospital Central do Exército. Ele é conhecido pelo apelido de Soquetão e seria dono de uma grande peixaria. O militar também seria sócio de um bingo e participaria da exploração de seguranças feitas por seus homens para comerciantes e moradores.

Outra comunidade que já está ocupada por ‘soldados’ de Robocop e Girão é a Vila Sapê, em Curicica, Jacarepaguá. Até pouco tempo atrás, a favela era uma espécie de ‘estica’ (ponto de venda de drogas) do tráfico da Cidade de Deus.

Foi nas proximidades da Vila Sapê que, em outubro, três jovens com idades entre 10 e 14 anos foram torturados, estrangulados e jogados dentro de sacos plásticos à beira de um rio. Na semana anterior, outras cinco pessoas foram assassinadas sob a suspeita de estarem devendo dinheiro às bocas-de-fumo ou de serem informantes da polícia na região.

CAÇA-NÍQUEIS

Robocop e Girão seriam ainda sócios do cabo da PM Jorsan Machado de Oliveira, de 30 anos, assassinado no sábado da semana retrasada, dentro de seu Audi A3 preto, no Largo do Tanque, em Jacarepaguá. Ele estava com o amigo Antônio Paulo da Costa, de 25 anos, que também foi morto, na saída da Escola de Samba Renascer. Lotado no Batalhão de Choque, o cabo era conhecido como Jorsan Japonês e teria comandado o grupo que expulsou os traficantes do Morro da Caixa D’ Água.

O nome de Jorsan também aparece no pen drive (arquivo digital portátil) de Rogério Andrade — apreendido ano passado pela Polícia Federal com o contador do bicheiro — como um dos responsáveis pela segurança dos caça-níqueis em Jacarepaguá. Ele atuaria na região com o apoio de Leonardo Brandão Alves, conhecido como Léo Magrinho. Investigado na morte do agente federal Aluizio Pereira dos Santos e denunciado por formação de quadrilha pelo Ministério Público, Jorsan foi flagrado pela PF em escuta telefônica conversando com uma pessoa que o agradece pelo apoio ao ex-chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, eleito deputado estadual.

Um ponto considerado estratégico

A Cidade de Deus é considerada, segundo os analistas do relatório, um ponto estratégico para domínio das milícias por estar situada numa região central e cercada por outros bairros, como Curicica, Gardênia Azul, Anil, Freguesia, Pechincha, Taquara, Tanque, Praça Seca e Vila Valqueire. Em boa parte dessas localidades, os milicianos já estão presentes. Até agora, o tráfico de drogas, que ocupa a Cidade de Deus, tem resistido à invasão das milícias. Nas últimas semanas, um clima de tensão tem pairado sobre a favela, que se tornou conhecida internacionalmente através do filme de Fernando Meirelles. Os moradores temem um confronto violento na comunidade nessa disputa pelo território pelas milícias e traficantes. “Não sabemos o que é pior, uma coisa ou outra. O que sabemos é que nesses conflitos de homens armados a gente é que acaba levando a pior”, lamenta um morador, de 52 anos, pai de quatro filhos adolescentes, há 30 anos vivendo na Cidade de Deus.


http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_82008.asp

VINGANÇA ENTRE CRIMINOSOS.

Vingança contra comparsas aliados à milícia

Rio - A invasão da Favela Kelson’s, na Penha, na manhã de domingo, quando nove pessoas foram mortas, foi planejada e executada por traficantes do Comando Vermelho (CV) que haviam sido expulsos da comunidade em novembro pela milícia. Eles tinham como objetivo seqüestrar e executar três moradores: Sidinei Moreira de Azevedo, o pedreiro Noelson Ribeiro de Azevedo e Adão Mário Rodrigues Neto, que ‘traíram’ o CV e se aliaram aos milicianos, depois que seus comparsas fugiram da favela. A afirmação é do delegado Alcides Iantorno, titular da 22ª DP (Penha), que investiga o caso.

“Eles morreram porque traíram o CV. Foram retirados de suas casas, executados dentro da favela, à vista dos moradores. Os invasores não pretendiam retomar os pontos de venda de drogas que perderam, mas, sim, vingar seus ex-comparsas”, disse Iantorno. Na Favela Roquete Pinto e Piscinão de Ramos, ex-traficantes antes ligados à facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) também passaram para o lado dos milicianos.

Segundo o delegado, os traficantes sabiam onde moravam Noelson, Adão e Sidinei. O policial declarou ainda que, a princípio, pensou-se que o pedreiro havia sido executado apenas por ter erguido um muro na favela por ordem dos milicianos. “Quando mandei levantar a ficha criminal, descobrimos que tinha cinco passagens pela polícia e estava sendo processado pela Justiça. Noelson é autor de dois furtos, um assalto, um assalto com morte (latrocínio) e tráfico de drogas”, afirmou. O outro executado pelos traficantes, Adão, tinha passagem por uso de drogas. Quanto ao terceiro morto, Sidinei, a polícia recebeu informações de que, além de trair o CV — passando para o lado da milícia —, traiu também um ex-comparsa e ficou com sua mulher, quando o traficante foi expulso da favela pela milícia. Ele levou dezenas de tiros na região genital.

Também foi morto o cabo da PM Luiz Claudio de Souza Vargas, do 16º BPM (Olaria), que estava de licença médica para tratamento de saúde. Ele foi achado no porta-malas da caminhonete Chevrolet AD20, a poucos metros da favela. Os outros cinco bandidos foram mortos em confronto com soldados do 16º BPM, quando fugiam, em direção à Av. Brasil.


Sindicância vai investigar suspeitos

O tenente-coronel José Luiz Nepomuceno, comandante do 16º BPM (Olaria), disse que determinou a abertura de uma sindicância para apurar o possível envolvimento de praças de seu batalhão com milícias que atuam na Favela Kelson’s, na Penha, e na Cidade Alta, em Cordovil. A unidade ocupou ontem a comunidade da Penha com 25 homens.

A PM negou que não fosse custear o enterro do cabo Luiz Claudio de Souza Vargas. “Até agora não existe nada contra ele e não há porque o corporação não pagar os funerais”, afirmou o tenente-coronel Rogério Seabra, Chefe de Relações-Públicas. O policial, no entanto, foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério de Olinda, sem honras militares

Um outro policial militar acusado de envolvimento com as milícias, o cabo Jorge Henrique Alves, do 16º BPM, foi intimado para se apresentar hoje na 22ª DP e prestar depoimento ao delegado Alcides Iantorno.


http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_82009.asp

PM E BOMBEIRO BANDIDOS SÃO MORTOS

PM e bombeiro integravam milícia da Kelson’s, na Penha

Ambos, porém, acabaram mortos. Suspeito prestou depoimento ontem

Rio - Dois militares foram confirmados como integrantes da milícia que atua na Favela Kelson’s, na Penha, onde nove pessoas foram mortas na manhã de domingo. Ambos, no entanto, já estão mortos: o cabo da PM Luiz Cláudio de Souza Vargas, 34 anos, do 16º BPM (Olaria), que estava de licença médica e foi achado no porta-malas da caminhonete Chevrolet AD20, a poucos metros da favela, durante o conflito do fim de semana; e o cabo bombeiro Francisco Airton Costa do Nascimento, 36, assassinado no dia 31 pelo também miliciano Tiago Costa Dantas, 36, que está preso.

Ontem, três pessoas foram ouvidas na 22ª DP (Penha), entre elas o cabo Jorge Henrique Alves, do batalhão de Olaria, suspeito de ser integrante do grupo de paramilitares. O policial militar negou qualquer envolvimento com a milícia. Segundo o delegado Alcides Iantorno, responsável pelas investigações, Vargas era “o dono da milícia”. O bombeiro foi apontado por Wilbert dos Reis de Souza, 32, e Luciano Severino da Silva, 22, que afirmaram em depoimento ontem terem sido contratados pelo militar para trabalhar na milícia. Os dois foram presos no dia 16 de janeiro, dentro da favela, com duas escopetas calibre 12.

A polícia também conseguiu identificar um dos cinco traficantes que fugiram da favela domingo, em um Corolla, durante o confronto. De acordo com as investigações até agora, Robson Carlos Machado, o Robinho, 33, aproveitou a invasão da favela para matar o miliciano Sidinei Moreira de Azevedo, que estaria vivendo com sua ex-mulher.

http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_82253.asp

LISTA DE POLICIAIS BANDIDOS COM A POLÍCIA

Secretaria de Segurança já tem lista de policiais suspeitos de participação em milícias

Rio - O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, informou nesta segunda-feira que a Subsecretaria de Inteligência já tem um relatório com os nomes de policiais suspeitos de participar das chamadas milícias – grupos armados que expulsam traficantes de drogas das favelas em troca de pagamento pelos moradores.

Segundo Beltrame, que não quis revelar quantos policiais estão sob investigação, a Secretaria já sabe onde estão lotados e as favelas em que supostamente atuariam, mas ainda junta provas para prendê-los.

“É um relatório amplo, complexo e extenso. Mas o que nós temos ali são indícios e dele estamos partindo para a formação de provas. Há nomes, há a lotação dessas pessoas e o local onde estariam, em tese, praticando algum tipo de desvio de conduta, mas temos que fazer um trabalho sério de busca de provas", disse o secretário.

A Secretaria, acrescentou, conhece a atuação desses grupos mas tem dificuldade em combatê-los, porque as chamadas milícias não estão incluídas entre as figuras reconhecidas pelo Código Penal Brasileiro. Por isso, explicou, as autoridades buscam provas de outros crimes cometidos pelos integrantes dos grupos, como a extorsão ou o homicídio.

Agência Brasil

http://odia.terra.com.br/rio/htm/geral_81985.asp