SINDICÂNCIA VAI INVESTIGAR APOIO DE PMS A MILÍCIAS NO RIO
A Corregedoria da Polícia Militar abriu sindicância para investigar se policiais militares estão dando apoio a colegas que atuam em milícias nas favelas da cidade. No fim do ano passado, eles teriam passado mensagens pelo rádio da PM incentivando milicianos. E usariam carros da corporação para dar cobertura às suas ações.
A PM abriu um inquérito no ano passado para apurar a participação de policiais do 9º Batalhão da PM em milícias, mas não conseguiu comprovar a atuação. A ONG Observatório das Favelas, que mantém contato direto com comunidades carentes, recebeu denúncias de moradores comprovando a participação de policiais.
A última tentativa de invasão teria sido, segundo a entidade, na favela Cidade de Deus, na zona oeste. Os policiais teriam retirado uma barreira feita pelos traficantes para impedir a entrada de veículos, o que facilitou a ação da milícia. De novembro a janeiro, moradores de pelo menos cinco comunidades contaram histórias parecidas.
Pedido
Por meio de uma carta, 13 associações de familiares de vítimas do crime organizado pediram que o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) determine o combate às milícias que atuam em favelas cariocas e à violência. Auto-intitulados "especialistas em segurança pela dor", eles querem ser ouvidos - e devem se encontrar com o secretário de Governo, Wilson Costa, na semana que vem. O governador também foi convidado.
Na segunda-feira, essas entidades e outras, de direitos humanos, prometem fazer uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara. "A prática nos ensinou que precisamos de uma polícia técnica e não uma polícia de indicação política. O desgaste sofrido durante tanto tempo foi outro fator que fez de cada um de nós vitimas diretas da violência, especialistas em segurança pública, de tanto freqüentarmos Ouvidorias, Delegacias, Batalhões, Secretarias de Direitos Humanos, Defensorias Públicas, Ministério Público, Fórum", relata a carta.
O presidente da Associação de Praças da PM e do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio, Vanderlei Ribeiro, disse que desconhece policiais fardados agindo com as milícias. "Se realmente as milícias progredirem nesse serviço, significa dizer que a polícia oficial é de segunda categoria. A polícia de verdade não tem de ser substituída pelas milícias." Segundo ele, o atual comando vai modificar todo o esquema de policiamento para dar maior proteção às comunidades.
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