Saturday, December 16, 2006

BANDIDOS NA SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO


INVESTIGAÇÕES ANALISAM VIAGENS AO EXTERIOR E PATRIMÔNIO DE POLICIAIS


Para mapear o envolvimento de policiais com a máfia dos caça-níqueis, os agentes federais obtiveram gravações telefônicas, autorizadas pela Justiça. Jacarepaguá apareceria como um dos pontos explorados. Há informações de que os investigados forneceriam armamento a outros policiais — responsáveis por segurança clandestina na região. Na investigação, há levantamento até de viagens ao exterior de agente da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele é Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, integrante do grupo de agentes ligados a Álvaro Lins conhecido na Polícia Civil como os ‘inhos’ — terminação de seus apelidos.

Jorginho foi a Nova Iorque, nos Estados Unidos, e a Aruba, no Caribe. Para rastrear mais de 20 viagens feitas em dois meses, os agentes da Polícia Federal pediram a colaboração da Interpol também.


APARTAMENTO DE LUXO

Parentes dos investigados também estão sendo monitorados pela Polícia Federal. Há informações de que pelo menos um deles não teria renda suficiente, mas seria dono de apartamento de luxo avaliado em até R$ 2 milhões. O cerco aos agentes apertou a partir de indícios da existência de altas remessas de dinheiro para o exterior, enriquecimento ilícito e uso de laranjas (pessoas cujos nomes são usados na compra dos de bens).


Morte deu início à investigação

A investigação da Federal sobre o envolvimento de policiais do Rio com a máfia dos caça-níqueis começou a partir do assassinato do agente federal Aluízio Pereira dos Santos, 47 anos, em maio, em Realengo. No decorrer da apuração sobre o crime, surgiram indícios de que homens da Polícia Civil teriam elo com bicheiros. Entre eles o ex-chefe de Polícia Civil e deputado estadual diplomado Álvaro Lins e agentes conhecidos na corporação como ‘inhos’.

Aluízio teria sido morto no lugar de Clair de Oliveira, policial civil, ex-aliado de Rogério Andrade. Clair foi assassinado no dia seguinte a Aluízio. A Federal prendeu Rogério Andrade no dia 18 de setembro.

Helinho, um dos alvos da ação de ontem, participou da prisão, em 12 de outubro, do ‘capo’ do jogo do bicho Fernando Iggnácio, principal inimigo de Rogério. Helinho, na ocasião lotado na 33ª DP (Realengo), foi um dos policiais que entraram no apartamento de Iggnácio, em São Conrado. Outro ‘inho’, Marinho, considerado ‘fiel escudeiro’ de Álvaro Lins, teve a casa vasculhada por federais munidos de mandado de busca.


Delegado é réu de processo

A ligação de Álvaro Lins com o jogo do bicho apareceu há 12 anos, quando estourou o escândalo da lista do jogo do bicho. Este ano, Lins voltou a ser réu — acusado de corrupção passiva — no processo que mandou para a cadeia 12 chefões da contravenção, entre eles Castor de Andrade, tio de Rogério Andrade. Na época, Lins era tenente da Polícia Militar.

Como o jornal O DIA publicou em 1º de novembro, para ocorrer novo julgamento, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça anulou julgamento na Auditoria Militar porque a sessão foi secreta, o que violou a Constituição. Outra estratégia da defesa de Lins, que foi derrubada durante o julgamento no tribunal, foi a de que o crime já havia prescrito.

O escândalo do bicho foi em 1994, durante Operação Mãos Limpas, quando o Ministério Público e a polícia estouraram fortalezas de bicheiros e apreenderam livros-caixa. No bunker de Castor de Andrade, que morreu em 1997, havia contabilidade com nomes de políticos e policiais. Além de Lins, 20 pessoas são acusadas. Policias dariam proteção ao jogo mediante propina.

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